A partir do propósito de investigar os mecanismos fundantes das masculinidades, buscamos criar diálogos teatrais entre homens sobre suas histórias de vida e todas as questões que operam para a construção do padrão opressor de ser homem. A fim de conectar os rumos pessoais de cada um com as forças econômicas, políticas e sociais que guiam o mundo, buscamos compreender como nós homens reproduzimos as estruturas patriarcais no cotidiano. Neste primeiro laboratório, criamos um grupo com 21 homens dispostos a encarar processos criativos de desconstrução de suas ações machistas e patriarcais. Com o desafio de expandir nosso horizonte masculino do âmbito privado para a vida pública, revisitamos nossas histórias de opressores e oprimidos e buscamos maneiras de agir efetivamente contra o mundo patriarcal para a construção de um ambiente social radicalmente novo. Neste processo foi documentado e se transformará em um filme-dispositivo que terá o Teatro do Oprimido como ferramenta de diálogo.
Fotos: Camila Silva
Procuramos questionar os padrões binários heteronormativos que dividem o mundo entre dois universos: o masculino e o feminino. Ancoradas nas teorias pós-estruturalistas dos debates de gênero, compreendemos a noção de “homem” e “mulher” como um fenômeno socialmente construído e, por isso, compreendemos o gênero nada mais como uma performance realizada todos os dias pelas pessoas, não se tratando de uma compulsoriedade natural, mas sim de uma organização social que reforça as estruturas sociais de poder. Partindo deste entendimento, mergulhamos em nossa relação com nossos próprios corpos, nossas identidades, nossas sexualidades e nossos gêneros para criar dispositivos performáticos que dialogassem com a população sobre os estereótipos de gênero que ancoram a nossa sociedade machista e patriarcal. Nessa pesquisa surgiram os seguintes dispositivos: A coleira, Mulheres que carregam homens, Perseguida e Devir Animal.
Fotos: Camila Silva